Malan e seu Ctrl+L

Fonte: Folha de São Paulo

MALAN E SEU CTRL+L
O professor Pedro Malan, ministro da Fazenda do tucanato, deu-se a um exercício de ciber-constitucionalismo. Botou o texto da Constituição na tela, teclou Ctrl+L e obteve o número de ocorrências da palavra "direitos" no texto: 74. Repetiu a operação com o termo "deveres" (no sentido de obrigações da patuléia) e as referências foram cinco. Concluiu: "Talvez isso diga algo sobre nós mesmos e a sociedade que estamos construindo".
A piada é ótima, mas a conclusão tem a sabedoria de um teclado. Se Malan repetir o exercício com a Constituição Americana, verá que "direitos" aparece 15 vezes e "deveres", no sentido que usou para o texto de Pindorama, nenhuma. A Carta americana tem 7.000 palavras, a brasileira, 80 mil.
Se a relação entre os direitos e deveres constitucionais fosse suficiente para caracterizar povos ou sociedades, Cingapura, com seu regime ditatorial, seria um paraíso. Lá o placar é de 33 direitos para 3 deveres. Há uma Constituição detalhista ao enumerar as obrigações da patuléia, é a de Cuba, com 24 deveres para 52 direitos.

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